quarta-feira, 17 de junho de 2009

Memorial de professora

Minha caminhada na educação

Filha de uma professora que nunca permitiu que os baixos salários tornassem sua profissão diminuída, meu contato com o processo educacional sempre foi muito positivo. Embora pensasse em ser muitas outras coisas “quando crescesse”, essa mulher incansável sempre honrou muito a ação docente, a tal ponto de me convencer a ser professora. Algumas características pessoais também me fizeram pensar que seu poderia ser um pouquinho do que era minha mãe. Sempre fui líder na escola quando estudante, muito falante, nada inibida, curiosa, corajosa.
Assim, ingressei na Escola Estadual Dom Diogo de Souza, onde cursei o magistério, vendo aquela instituição sempre como um lugar onde eu não ia somente para aprender a ensinar, mas para aprender, ensinar, trocar, vivenciar. E definitivamente, lá amadureci muito, afinal, não é nada fácil decidir o que se vai ser quando crescer aos 15 anos.
Completado os três anos de Ensino Médio, prestei vestibular na UFRGS para o curso de Letras. Odiava as exatas e não sabia onde o sol nascia, achava história legalzinho e não sabia fazer sequer bonecos-palito. Amava ler. Só tinha uma saída: Letras!!! Nunca uma decisão foi tão fácil. Passado inacreditavelmente no vestibular, agora ia ter que encarar ao mesmo tempo o primeiro semestre e o estágio do magistério.
Com o estágio veio também a vontade de desistir. A teoria não batia com a prática e cansei de levar bronca da supervisora e de dar bronca nos alunos que pareciam ter sido contratados para dificultar minha vida. Foi aí que mais uma vez entrou em cena a super-mãe. Acho que se não fosse por ela, eu não teria cogitado a possibilidade de tentar mais uma vez.
Amei a UFRGS, venci o estágio, passei em um concurso do Governo do Estado para o CAT. Encarei os dois primeiros anos de estágio probatório com os primeiros anos de universidade. Mas eu só tinha 20 anos quando a direto ra da escola me convidou para lecionar Literatura para o Ensino Médio, à noite. Aceitei. Com medo, mas aceitei. Nunca foi tão difícil subir as escadas daquela escola para dar uma aula. Como eu iria encarar turmas onde muitos dos alunos eram mais experientes do que eu? Será que vão me respeitar? Será que aqueles dois anos de universidade era o suficiente? Encarei, respeitaram-me, muitos se tornaram meus amigos e foi a melhor experiência que tive até hoje no magistério. Fiquei três anos lá a noite e só tive que sair pois era a hora de finalizar a monografia, cujo tema não podia ser outro: A Literatura no Ensino Médio.
E no último dia de aula, após me despedir dos alunos nas últimas aulas, fui para a sala dos professores um pouco triste, quando ouvi a música Como nossos pais vindo da rua. Achei estranho, pois não era bem esse o tipo de som que costumávamos ouvir no último volume na rua da escola. Saí para ver o que era. Eram todos os alunos, no meio da rua, em frente à escola. Haviam organizado uma festa de despedida como nunca havia imaginado: mensagens, presentes, fogos, dedicatórias, festa, bolo... Jamais esquecerei aquela noite, assim como não esquecerei de nosso passeio ao teatro para assistir Bailei na curva. Os alunos lotando o teatro e aplaudindo de pé os atores no final, muitos com lágrimas nos olhos.
Segui trabalhando com os pequeninos, o que também me traz muita satisfação. Passei por todas as séries, embora prefira a 4ª. Ingressei no Ensino Municipal, onde lecionei por 3 anos com o CAT, até fazer um concurso para a área. Passei e hoje trabalho na Escola Cléo dos Santos, onde tenho turmas de 5ª e 6ª séries. Sigo também na escola estadual, com minha amada 4ª, onde consigo aplicar meus conhecimentos de Língua Portuguesa e não traumatiza-los muito nas exatas.
Este ano, além das duas escolas, também iniciei um Pós-Graduação na área de Ensino de Língua e Literatura e estou envolvida no GESTAR II, onde espero conseguir atingir os objetivos e, acima de tudo, aprender com meus colegas.

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